sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Delírios apocalípticos




Então agora dizem que o mundo acaba hoje, 

-"mas segundo quem?" pergunto eu, 

-"Segundo os Maias!" responde Sicrano, 
E eu rio-me na cara de Sicrano, não só pelo seu ridículo nome, mas também por se fiar em gente como os Maias.

-"E tu acreditas em gente como os Maias? Onde é que eles disseram isso?", pergunto eu rindo-me por dentro, não querendo acreditar até onde ia a ingenuidade deste Sicrano.

-"Os Maias eram muito inteligentes e avançados para a sua época". Intercede Beltrano em defesa do seu querido amigo.
-"E tinham um calendário que indicava 21-12-2012 como a data do fim do Mundo." Acrescentou Fulano juntando-se à festa.

E respondo eu do alto da minha superior cultura e a perguntar-me onde é que os pais destes sujeitos terão ido buscar estes nomes:

-"Ai então para vocês os Maias eram muito inteligentes e avançados para a sua época? Ai eram?? Então quer dizer que aquela gente que nem conseguiu evitar que dois irmãos se enrolassem é que era muito avançada para a época? E o pai que se matou depois de a mulher fugir com um Italiano que ele próprio hospedava na sua casa, é isso que vocês consideram um tipo Inteligente?
Para não falar nessa nova do calendário. Não acredito minimamente que os Maias tivessem um calendário desses. Se isso fosse verdade, tal nunca seria ocultado no resumo da Europa-América. Então ia lá pôr 15 páginas a descrever o ramalhete como se fosse um anúncio do imovirtual.com e não ia falar numa única página num calendário de tal importância que segundo vocês prevê o fim do mundo?"

Eles nem disseram uma palavra, ficaram boquiabertos após a minha imensa cultura literária lhes ter aberto os olhos para a fraude que é este anúncio do fim do mundo. E eu aproveitei para me retirar, saindo em grande e deixando-lhes um conselho que espero que sirva para todos os que aqui o lerem:

"Epá, leiam mais e não acreditem em tudo o que vos dizem, que é por isso que este país está como está, quando andam meninos a deturpar a obra de uma das mais importantes escritoras portuguesas. Um pouco de respeito pela Srª Europa-América".


Um feliz Natal a todos e um óptimo 2013.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Demónio (O regresso do Sr. twist Final)



M. Night Shyamalan é um dos meus realizadores de culto e como tal eu andava um pouco desiludido com os seus últimos títulos.
"Sinais" e o "Sexto Sentido" são dos meus filmes preferidos de sempre e nem o "The Village", nem "A senhora da água", nem mesmo "O Acontecimento" tinham conseguido atingir esse patamar de obras marcantes apesar de serem filmes que vejo bem e gosto, faltava-lhes qualquer coisa que Shyamalan tinha conseguido anteriormente, inclusive com "O Protegido". O "Last Airbender" é um caso aparte, uma decisão de negócios de Shyamalan numa incursão pelo "cinema Blockbuster" que dentro do género até nem acho que tenha corrido mal...

Demónio (Devil) é um filme que fugindo ao estilo artístico que Shyamalan tinha deixado anteriormente como imagem de marca (aquele ritmo lento e aqueles planos fechados) acaba no final por apresentar aquela que é a sua principal assinatura: Um belo twist final. Apesar de não chegar ao nível de "Sexto Sentido" ou de "Sinais" a nível de qualidade da história, elenco e ritmo, "Demónio" é um filme que dá um imenso gozo ver de princípio ao fim com um terror leve e acessível mesmo a quem não é profundo apreciador do género. Sendo então o melhor dos últimos filmes de Shyamalan e uma marca de esperança de que a inspiração continua lá e este realizador continuará a brindar-nos com pérolas.

Leva portanto o meu selo de: Filme Recomendado

Aguardo ansiosamente pelas suas restantes "The Night Chronicles", uma série de três thrillers (um por ano) que Shyamalan prometeu e dos quais este "Demónio" foi o primeiro.

Aqui fica o trailer para quem ainda não viu:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Cameron e Del Toro juntos em obra-prima de Lovecraft

Para mim a notícia mais marcante a nível de cinema dos últimos tempos é sem dúvida a de que James Cameron (Avatar) e Guillermo del Toro (Labirinto do Fauno e Hellboy) irão trabalhar em conjunto para levar ao cinema em 3D um filme de terror, baseado num dos contos mais fantásticos de um dos maiores Mestres de todo o sempre desse género (senão o maior)... H.P. Lovecraft. Reconhecidamente uma das maiores influências de senhores como John Carpenter, Stephen King, Peter Jackson, Umberto Eco ou Clive Barker e criador de mitos que chegaram inclusive ao mundo dos videojogos, como o é o caso do mítico Cthulhu.

O conto em questão é o "At the Mountains of Madness" (conhecido em Português como: Nas Montanhas da Loucura) que conta a história de uma expedição à Antárctida onde é feita uma terrível descoberta relacionada com a origem da humanidade... E mais não conto...

A verdade é que me deixou muito entusiasmado esta notícia e com a produção de Cameron capaz de nos dar o melhor 3D alguma vez visto e a realização de Del Toro, que já revelou ser um bom contador de histórias e excelente a dar vida a criaturas do imaginário, só posso esperar o melhor.

Saia quando sair este filme, é desde já um dos meus filmes mais aguardados de sempre (E não, não estou a exagerar). Agora espero é que estes dois senhores estejam à altura da genialidade de Lovecraft.



 PS: Bebinhas, prepara-te que deste não te escapas, faço questão de ver este contigo no cinema a 3D, não há cá desculpas com o medo. Muahahaha.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Inception (ou o filme-Matryoshka)



Saído há pouco do cinema onde fui ver o Inception, a mais recente obra de Christopher Nolan que a cada filme que faz tem vindo a ocupar um espaço bem meritório entre os meus realizadores de eleição. Quase sempre correndo riscos, mas conseguindo sempre estar à altura dos mesmos, em filmes como Memento, Batman: Begins, Prestige e principalmente n'O Cavaleiro das Trevas, Nolan tem demonstrado uma evolução notável como realizador sendo que começo a desconfiar que neste momento este senhor seria capaz de pegar na história do Titabufa e daí fazer um bom filme.

Mas falando do filme em si, entrei no cinema sem fazer a mínima ideia do tema que abordaria (adoro ir completamente ás cegas) embora reconheça que a qualidade do realizador e de um elenco que contava com Leonardo DiCaprio, Cillian Murphy, Michael Caine, Marion Cotilard, Ellen Page e Ken Watanabe (possivelmente o melhor actor japonês) me deixasse com um bom feeling, que no final acabou por se confirmar. Confesso que se inicialmente já conhecesse a história do filme pensaria imediatamente: "Isto vai falhar redondamente, isto é simplesmente impossível de ser contado... é demasiado paradóxico, complexo e inatingível". Mas Nolan conseguiu-o e ao ver Inception, somos levados numa viagem pela mente humana em que os sonhos são como uma autêntica Matryoshka em que quando pensamos que já estamos na camada mais profunda, percebemos que ainda não vimos nada e podemos mergulhar ainda mais, para níveis dos quais pensamos ser impossível voltar. É um filme que nos deixa a pensar nas potencialidades da mente humana e nos faz reflectir sobre aquelas noites em que num sonho quase que vivemos uma vida inteira. E sendo um filme com uma história um pouco complexa (aborda a mente humana de forma mais profunda que Shutter Island e atreve-se a paradoxos onde nem a trilogia Matrix chegou) é surpreendente como é despretensioso na sua abordagem e execução, acabando por ser um filme capaz de ser apreciado numa abordagem mais profunda ou intelectual, mas também de uma forma mais superficial se o espectador não estiver com disposição para que lhe amassem, piquem e suavemente lhe triturem a mente.
As interpretações estiveram à altura do que esperava deste excelente elenco sendo que a agradável surpresa acabou por ser Joseph Gordon-Levitt que não via desde os tempos do 3º Calhau a contar do Sol e que me pareceu a um nível bem acima do que eu lhe augurava nesse tempo e a confirmação de Ellen Page, comprovando que a sua extraordinária prestação em Juno não foi por acaso.
Quanto aos efeitos especiais, sem falhas, facilitando a nossa imersão no filme e no mundo dos sonhos... Talvez até um filme que merecesse um 3D à Avatar... E daí talvez nem fosse necessário, pois ficou muito bom, tal como o vi.

Em suma, um filme daqueles que não esquecemos mal saímos da sala de cinema, que nos dá gozo ver cada momento e depois ainda se atreve a ficar pelas nossas mentes deixando-nos a pensar totalmente embrenhados e um pouco atordoados.
Para mim é provavelmente até ao momento, o filme do ano.
Recomendo a todos, sendo que se depois alguém não gostar pode-me dar 3 calduços (só para terem noção do quanto eu confio que este filme agradará a todos, de uma ou de outra forma).

Referência também à banda sonora de Hans Zimmer, esteve ao nível do filme, ou seja, de grande qualidade.

Aqui vos deixo o trailer para vos deixar com água na boca.


quarta-feira, 23 de junho de 2010

27 club



Indignadíssimo com as críticas das Grandes Massas ao título deste espaço (sim, porque este espaço a ser criticado tem de ser pelas grandes massas, dado o inegável sucesso mediático que está a ter. Reparem como eu faço os maiores parêntesis da escrita mundial), acusando-o de demasiado "noveleiro" resolvi explicar melhor o porquê de o ter escolhido.

Ora muito bem, é sabido pela população mundial, que a 8 de Maio deste mesmo ano, aqui o vosso caro amigo fez 27 anos de idade, "que novo para a maturidade que já demonstra" dizem uns, "que velho para a forma tão bela e juvenil que apresenta" dizem outras. Mas a verdade é que os últimos 27 anos têm sido espectaculares, pelo menos para mim. Adoro a minha vida, desde as pupias do Figueira que tinham de amolecer 2 semanas antes que as pudéssemos comer em casa da avó, até ao por do sol na praia agarrado à namorada. Tudo é bem aproveitado por mim com muito prazer. Mas viver não é só isso, viver não é apenas a marca que o mundo nos deixa, mas também a marca que nós deixamos no mundo se ainda não fizemos nada que marque o mundo, então levamos uma vida incompleta.

"Mas estamos sempre a tempo de o fazer" podem dizer as almas mais optimistas, mas na verdade o que é que já estão a fazer por isso? Quem sabe quanto tempo mais tem? Não vale a pena viver obcecado com a morte, mas o que é que já fizemos que nos torne imortais? Estas cinco pessoas deixaram-nos com a mesma idade que eu tenho neste momento, mas na verdade conseguiram imortalizar-se através da forma como marcaram o mundo:

Brian Jones - Morreu aos 27 anos afogado numa piscina, o que nos deixou? Foi apenas um dos membros fundadores dos Rolling Stones, não sei se conhecem.


Jimi Hendrix - Morreu com 27 anos afogado no próprio vómito (o que já seria marca suficiente de originalidade), foi pioneiro na guitarra eléctrica, provavelmente o melhor de sempre. Ora aqui vai o exemplo do que é deixar legado:


Janis Joplin - Morreu aos 27 anos provavelmente de overdose de heroína, uma das mais geniais e inovadoras cantoras de uma das épocas mais produtivas da história moderna da música.


Jim Morrison - Morreu aos 27 anos de "paragem cardíaca" (causa oficial) era o vocalista dos Doors. E está tudo dito.


Kurt Cobain - Suicidou-se aos 27 com tiro de caçadeira. Vocalista dos Nirvana, possivelmente o grupo mais marcante da década de 90 e grandes impulsionadores do estilo alternativo de Rock, agora aparentemente em hibernação, Grunge. Mas a sua marca nunca desaparecerá.




Com exemplos destes (tirando na forma como morreram), como posso eu estar satisfeito com o que atingi num período de tempo que foi todo o que tiveram para viver. Daí o título deste blog ser para me recordar a mim mesmo que ainda vou a tempo, mas tenho que fazer algo, tenho que marcar o mundo. Ao criar este blog não atinjo esse objectivo, mas pelo menos se morresse já deixaria uma ironia para servir de "piada fúnebre".

Fulano: "O que é que este tipo fez?"
Sujeito: "Antes de morrer criou o A Tempo de viver".

Get it?

A Tempo de Viver

Aqui começa o meu primeiro projecto pelas "internets". Não que seja um grande marco na história da web (aínda agora após criar o espaço, "googlei" o título do blog e nada apareceu, só para verem o nivel do desprezo que este acontecimento despertou na Internet) mas poderá vir a ser um pequeno marco para mim, pois penso que era inevitável alguém com o meu grau de parvoíce e esquizofrenia criar o seu blog, numa altura em que já ninguém frequenta blogs e toda gente "twita" a sua opinião ou "gosta" da opinião de outros no Facebook. Não que eu tenha alguma coisa contra o Facebook até lá tenho o meu espaço, mas aquele é o espaço de todos e acaba assim por não ser o espaço de ninguém. E eu queria dar a minha opinião sobre o filme que vi, o jogo que joguei, o disco que ouvi, o que fiz no fim de semana, etc. e qualquer coisa que eu dissesse era completamente abafada por pessoas que aderiam ao grupo "odeio as vuvuzelas", que "necessitavam tábuas para a sua quinta" ou simplesmente pela "frase Nicola do dia" que alguem recebe todos os dias.

Daí decidi criar este espaço, espero que aquilo que aqui vier a publicar seja do agrado de mais alguém para além de mim. E se for do desagrado, então é porque têm um gosto de qualidade duvidosa ou mesmo mau.

Agora resta aguardar para ver o que aí vem. Mas será bom... Muito bom mesmo. Entretanto e para se entreterem deixo-vos aqui a reacção de um famoso ao ultimo episódio da série Lost. (contém spoilers).



PS: Um agradecimento muito especial e com muito amor à Maria João por todo o apoio dado na criação deste Blog, na escolha do título e principalmente por me ter mostrado que mesmo quando pensamos que a vida nos está a passar ao lado, estamos sempre... A Tempo de Viver.