terça-feira, 27 de julho de 2010
Inception (ou o filme-Matryoshka)
Saído há pouco do cinema onde fui ver o Inception, a mais recente obra de Christopher Nolan que a cada filme que faz tem vindo a ocupar um espaço bem meritório entre os meus realizadores de eleição. Quase sempre correndo riscos, mas conseguindo sempre estar à altura dos mesmos, em filmes como Memento, Batman: Begins, Prestige e principalmente n'O Cavaleiro das Trevas, Nolan tem demonstrado uma evolução notável como realizador sendo que começo a desconfiar que neste momento este senhor seria capaz de pegar na história do Titabufa e daí fazer um bom filme.
Mas falando do filme em si, entrei no cinema sem fazer a mínima ideia do tema que abordaria (adoro ir completamente ás cegas) embora reconheça que a qualidade do realizador e de um elenco que contava com Leonardo DiCaprio, Cillian Murphy, Michael Caine, Marion Cotilard, Ellen Page e Ken Watanabe (possivelmente o melhor actor japonês) me deixasse com um bom feeling, que no final acabou por se confirmar. Confesso que se inicialmente já conhecesse a história do filme pensaria imediatamente: "Isto vai falhar redondamente, isto é simplesmente impossível de ser contado... é demasiado paradóxico, complexo e inatingível". Mas Nolan conseguiu-o e ao ver Inception, somos levados numa viagem pela mente humana em que os sonhos são como uma autêntica Matryoshka em que quando pensamos que já estamos na camada mais profunda, percebemos que ainda não vimos nada e podemos mergulhar ainda mais, para níveis dos quais pensamos ser impossível voltar. É um filme que nos deixa a pensar nas potencialidades da mente humana e nos faz reflectir sobre aquelas noites em que num sonho quase que vivemos uma vida inteira. E sendo um filme com uma história um pouco complexa (aborda a mente humana de forma mais profunda que Shutter Island e atreve-se a paradoxos onde nem a trilogia Matrix chegou) é surpreendente como é despretensioso na sua abordagem e execução, acabando por ser um filme capaz de ser apreciado numa abordagem mais profunda ou intelectual, mas também de uma forma mais superficial se o espectador não estiver com disposição para que lhe amassem, piquem e suavemente lhe triturem a mente.
As interpretações estiveram à altura do que esperava deste excelente elenco sendo que a agradável surpresa acabou por ser Joseph Gordon-Levitt que não via desde os tempos do 3º Calhau a contar do Sol e que me pareceu a um nível bem acima do que eu lhe augurava nesse tempo e a confirmação de Ellen Page, comprovando que a sua extraordinária prestação em Juno não foi por acaso.
Quanto aos efeitos especiais, sem falhas, facilitando a nossa imersão no filme e no mundo dos sonhos... Talvez até um filme que merecesse um 3D à Avatar... E daí talvez nem fosse necessário, pois ficou muito bom, tal como o vi.
Em suma, um filme daqueles que não esquecemos mal saímos da sala de cinema, que nos dá gozo ver cada momento e depois ainda se atreve a ficar pelas nossas mentes deixando-nos a pensar totalmente embrenhados e um pouco atordoados.
Para mim é provavelmente até ao momento, o filme do ano.
Recomendo a todos, sendo que se depois alguém não gostar pode-me dar 3 calduços (só para terem noção do quanto eu confio que este filme agradará a todos, de uma ou de outra forma).
Referência também à banda sonora de Hans Zimmer, esteve ao nível do filme, ou seja, de grande qualidade.
Aqui vos deixo o trailer para vos deixar com água na boca.
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1 comentário:
Fiquei cheia de curiosidade em ver "Inception", mas partilho desde já o meu sentimento ambíguo: No qual desejo ver um filme extraordinário que me deixa a pensar e viver todas aquelas sensações que aqui são referidas (O que deve ser uma verdadeira "pedra/trip"...), mas ao mesmo tempo não querendo abdicar ou melhor perder a oportunidade de dar os "3 calduços", em memória dos velhos tempos!.. Que saudades daquele miudo irrequieto ou melhor hiperactivo (no bom sentido claro!..) que me fazia perder a paciência!.. e isto começou logo nos primeiros dias de vida um autêntico
"MARAVILHOSO PESADELO" qual "PESTINHA"... Aqui fica o desafio para comentares este filme da tua infância!..
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